Pensando sobre o Espiritismo do Século XXI

         Hoje um querido amigo me questionou sobre o titulo do blog, me perguntando qual a visão que eu tenho do Espiritismo do século XXI. Apesar de estar muito convicta da forma como vejo o Espiritismo, cheguei a parar para pensar e pesar minhas convicções para responder a mim mesma e a ele, este questionamento.

  Em 1857 quando Kardec lançou o Livro dos Espíritos, a realidade em nosso polissistema era muito diferente da atual, o Catolicismo era a religião dominante na época e o Espiritismo, que se desenvolveu, tinha muito do status fundante católico.
 Outro ponto a se analisar é o que se refere a forma de divulgação da Doutrina dos Espíritos, feita através dos fenômenos espiritas que se apresentaram no mundo todo. Fenômenos estes que chamaram a atenção pelo seus aspectos contundentes, permitindo a ampla pesquisa e avaliação através da comunidade cientifica da época.

  Hoje não são mais necessários os fenômenos, embora muitas casas Espiritas ainda se prendam neste aspecto do Espiritismo, negligenciando os estudos científicos e a formação de uma filosofia de vida baseada nesta doutrina, tão rica em subsídios de transformação no estilo de vida de seus adeptos. O aspecto religioso se faz presente na maioria delas, deixando de lado a possibilidade da pesquisa, da ampliação de conhecimento e entendimento dos preceitos doutrinários que poderiam mudar a vida no planeta.

   Em minha forma de ver o Espiritismo, posso me atrever a dizer, que hoje não é mais o mesmo Espiritismo de Kardec, mas o Espiritismo da Doutrina dos Espíritos, ai você vai me perguntar: Qual a diferença? Muito bem, Kardec foi o codificador, aquele que trouxe á luz do conhecimento humano, a Doutrina dos Espíritos. Mas no mundo pós Kardec uma evolução muito grande se fez em muito pouco tempo, evolução em todas as áreas do conhecimento, levando o homem a construir tecnologias tão avançadas que tiraram um computador de uma sala de mais de 200m² para dentro de nossas bolsas e porque não dizer bolsos.

  Enquanto o mundo evoluía em tecnologia, os espíritos, já muito avançados em conhecimento, na era Kardec, vieram nos iluminando com esses conhecimento através de médiuns pontuais como Chico Xavier, Maury Rodrigues da Cruz, Divaldo Franco, Raul Teixeira, Robson Pinheiro e outros, isto posto, podemos afirmar que os Espíritos nunca deixaram de nos instruir sobre sua doutrina. Por isso não devemos resumir nosso conhecimento ao que Kardec diz em seus livros, muito já se disse sobre o polissistema espiritual depois disso. Incontestavelmente, Kardec é, e sempre será a base para o Espiritismo, mas ele mesmo disse que tudo evolui e que o Espiritismo evoluiria juntamente com a ciência.
   Depois do Pentateuco Kardequiano, outros livros surgiram: Revista Espírita (periódico mensal); O que é o Espiritismo; O Espiritismo em sua Expressão Mais Simples; Viagem Espírita em 1862; Obras Póstumas; Instruções ao Movimento Espirita; Instrução Pratica sobre as Manifestações Espiritas, todos de Kardec.  

      Se a codificação aumentou seu número de obras, mesmo depois do desencarne de Kardec, pode-se afirmar que os espíritos, que já detinham um conhecimento muito maior do que aquele apresentado a ele, continuaram trazendo novos conceitos e com certeza temos muito mais a conhecer sobre a Doutrina dos Espíritos, que se revela aos homens na sua trajetória reencarnatória. Por este motivo eu digo que o Espiritismo não é mais o mesmo de Kardec, novos conhecimentos do Polissistema Espiritual estão sendo revelados aos homens modificando assim o Espiritismo, fazendo com que seus adeptos tenham que se adaptar a uma nova realidade que vem vencendo paradigmas até mesmo das ciências.

       O que se percebe no meio Espirita é uma resistência em aceitar conceitos novos da Doutrina que não estejam escritos nos livros de Kardec. Mas ao analisarmos suas obras com mais profundidade, podemos perceber que muitas descobertas da ciência do século XXI estão contidas em suas entrelinhas.  
       Bem meus amigos, a Doutrina Espirita pertence aos Espíritos e portanto não muda, mas o Espiritismo é dos homens e por isso está sujeito ás mudanças que a evolução impõem, Kardec não falou do computador e este instrumento vem ajudando muito na divulgação do Espiritismo. Por isso, não podemos ficar presos a um conhecimento de quase dois séculos passados, temos que estar abertos para o novo, devemos sim construir um novo Espiritismo para o Seculo XXI, onde não seja mais o fenômeno o seu fim maior, mas a transformação do homem, sua reforma íntima, proporcionando a melhora das relações humanas, transformando o homem num ser espiritual, onde a Doutrina dos Espíritos seja sua diretriz e o Evangelho seu código de conduta, pensemos nisso.

Abraço carinhoso

Dor@